O que inibiu o futuro do comércio?

"O projeto é o rascunho do futuro. Às vezes, o futuro precisa de centenas de rascunhos." Jules Renard

Por Moispes Galindo, Publicado pelo Grupo Reforma em 18 de março de 2019

Visão é a arte de ver o invisível. Como foi construído o futuro do varejo, aquele que você vivencia agora, nos últimos 25 anos?

Olhar para o passado me lembra o que inibiu sua evolução. Uma primeira situação foi ajustar os sistemas para operarem a partir do ano 2000, conhecido mundialmente como conformidade com o Y2K.

O desenvolvimento de sistemas de informação tem restrições, e aí estava o volume de dados a serem armazenados. Por esta razão era comum abreviar as datas, v. gr., 21 de agosto de 1989 foi registrado como 21/08/1989, e para salvar os primeiros dígitos do ano (19) é armazenado como 21/08/89.

Quando chegasse o ano 2000, representar datas com seis dígitos, em vez de oito, poderia gerar erros ou comportamento errático nos sistemas. Foi necessário interromper praticamente os processos de evolução e inovação em todas as indústrias. O varejo também passou por isso.

Encontrar uma solução para empresas e governos paralisados ​​pelo Y2K em todo o mundo, alguns mais do que outros. Alguns até mudaram seus softwares, porque adotá-los exigiu menos esforço do que ajustar seus sistemas. Naquela época, além de licenciar software para o Carrefour México, também operamos e orquestramos seus sistemas de informação comercial. Esta foi a sua primeira subsidiária que cumpriu meses antes das demais ao redor do mundo, com as condições do Y2K.

Sem dúvida, o Y2K inibiu e paralisou, durante anos, o crescimento, o desenvolvimento e a inovação do retalho, consumindo a sua criatividade, energia e orçamentos.

A segunda situação que ainda inibe a evolução do varejo em geral é a incapacidade de comerciantes e fornecedores colaborarem digitalmente com seu ecossistema comercial. Seus sistemas (legados e ERPs) são rigidamente projetados para organizar e simplificar seus processos internos, eliminando silos de informações. No entanto, carecem de um meio padrão de interação, troca de dados e informações com outros softwares, mesmo da mesma marca e modelo, que os seus fornecedores utilizam na cadeia de abastecimento. Por que operar isoladamente?

Interagir comercialmente foi a visão que Jack Welch (GE) compartilhou com Sam Walton (Walmart). Ambos desafiaram um ao outro e alcançaram os ciclos de negócios de compra e venda de mercadorias mais rápidos do que qualquer outra organização no mercado. O Walmart o popularizou há três décadas por meio do Retail Link, onde, entre outras coisas, compartilha com seus fornecedores as vendas diárias de cada produto, loja por loja.

Bendita visão. Um dia compartilhei com a Lancome (1988), as vendas por produto, consultoria online, para cada loja das Fábricas de Francia. Esta experiência surgiu depois de observar - assim aprendi com o retalho - como os seus colaboradores registavam manualmente as vendas num diário que o supervisor revisava semanalmente, mantendo as proporções, à semelhança do Retail Link. Porém, quase fui demitido por essa loucura.

Interagir digitalmente traz múltiplos benefícios, principalmente por aumentar a segurança e a rapidez na execução comercial. Infelizmente, a sua visão está focada em simplificar e otimizar as transações de cada pessoa, em vez de integrar para orquestrar as suas operações com o seu ecossistema comercial.

É fundamental utilizar o catálogo eletrônico de produtos, trocar todas as suas transações eletronicamente e colaborar na previsão de vendas. Existem algumas questões pendentes. Antes de adotarem a inteligência artificial ou a realidade virtual, terão de aprender a colaborar de forma digital e inteligente.

E assim você ficará encantado com a disponibilidade de produtos e serviços para o Consumidor Inteligente. IIIy. "Curta o momento."